A Loba-Fênix deixa seu lado questionador entrar de férias e coloca seu lirismo para trabalhar. Sei que o lirismo não combina muito com os anteriores textos do blog, mas como sou uma pessoa que não faz muito sentido, meu blog não necessariamente deve fazer sentido. Então final de ano e ano-novo, datas hipócritas que repercutem em atitudes sociais hipócritas fizeram meus questionamentos fundirem, entrarem em colapso, me frustrei e mergulhei no abstrato, no não-material, no lírico. O que não deixa de ser uma forma de questionar esse momento tão concreto, tão material/materialista, tão podre, tão sem alma, sem sensações, sem sentimentos, apenas concreto, apenas dinheiro, presentes, ter, comprar, fazer, produzir...
Nos permitamos então parar, fugir, sentir, amar, tentar entender o homem pelo que ele é, não pelo que ele produz, pelo que ele tem, vende e/ou compra. Morte ao materialismo, ao que transformamos o natal, a virada do ano, morte ao "Papai-Noel" e ao Tio Sam. Procuremos a essência do natal, nascer, da festa pagã da primavera, a essência do "ano-novo”, do renascer, do recomeçar, do purificar.
Fujamos para o lirismo, porque o mundo anda concreto de mais. Não um lirismo hipócrita e alienado, talvez lúdico, mas não alienado. Um abstrato real, que enfatiza as aflições interiores causados por um mundo assassino, individualista e castrador. Coisas que a prosa não sabe tratar de forma tão profunda, nem alcançar ou tocar as pessoas como a poesia.
Proteja-nos Baco, embale-nos Iemanjá (que 2010 é seu), Eros e Vênus nos acompanhem. Por que precisamos alcançar o amor e a arte, fugindo do material, do egocentrismo. Ensinem-nos a olhar para o lado e ver um indivíduo, um outro igual a mim e não olhar sua classe social, raça, idade ou opção sexual. Entramos em 2009 na era de Aquário, mas o mundo ainda não se deu conta. Por isso, fujo em busca de uma nova voz na tentativa, talvez frustrada, mas não deixa de ser uma tentativa, de tocar na alma-morta e apagada desses humanos-materiais.
