Não podemos definir tudo com a eternidade... Nunca mais, pra sempre, eu nunca, eu sempre, jamais... São palavras tão eternas, imaturas, irreais... Não somos seres eternos, não temos opiniões eternas. Sim, mudamos. É maduro mudar porque é inseguro mudar. Descobri que a maturidade é incerta e talvez seja por isso que o mundo adulto é tão caótico e belo. Porque é possível encontrar no centro do caos a paz, no auge da maturidade a criança.
Paro pra pensar em como a eternidade é um conceito inexistente em nossa realidade. Nada permanece como quando fomos gerados... Tudo se transforma: osso, músculo, tecido dos órgãos, sangue, idéias... Nada é eterno, tudo muda, evolui, transforma... Nada permanece... Então, por que essa obsessão da humanidade pelo eterno? Nunca, jamais, pra sempre, eterno... palavras presentes em nosso cotidiano e muitas vezes associadas à pronomes possessivos típicos do capitalismo: "Meu para sempre... Sua eternamente"... Essa auto-afirmação, possessividade, obsessão pelo eterno, não são características de insegurança?
Ficar eternamente vivo não seria cansativo? Querer ser eternamente lembrado não nos torna patéticos? Ficar eternamente ligado à alguém não é enjoativo?
Porque essa insegurança de desaparecer? Esse medo do FIM? Por que não podemos simplesmente aproveitar o agora? Sábios literários árcades que cultuavam o carpe diem...
Não deveríamos prezar os pequenos prazeres momentâneos proporcionados pela vida ao ficar vangloriando o futuro ou saudando nostalgicamente o passado? Refletindo sobre “Asas do Desejo” de Wim Wenders, fica ainda mais claro como passamos “batido” por coisas maravilhosas... Não percebemos o quão lindo é saber que verde é verde, ou prazeroso pode ser tomar um café quente no frio, sentir sabores, tatear coisas, abraçar alguém, sentir seu calor... Isso não é eterno, mas é sagrado.
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