quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Uma Mulher de Almodóvar




Não sou como as mulheres comuns,
Sou todas
E nenhuma,
Sou tudo
E quase nada.
Sou o vento, a brisa e o mar...
Sou um vão
Que muito tem pra contar,
Sou um buraco na sociedade
Que o mundo tenta tampar.
Sou uma lenda
E uma história comum
Sou alguém
E apenas mais um.
Não sou como os seres normais
Sou surtada
E podada.
Não visto as roupas comuns
Ando despida
Vestida com as verdades do mundo,
Vestida de fome
Miséria e tristeza
Vestida de boemia,
De festas e Baco.
Não cultuo as religiões comuns,
Cultuo a vida e o seu fim,
O começo de tudo em mim,
Os homens e os animais,
A razão dos seres irracionais.
Sou mais uma entre todos
Somos todos mais um entre todos
Somos uma multidão de pessoas que não são como os outros.
Ninguém é comum,
Num mundo de mais um.
Outro é alguém
E eu sou ninguém.
Somos onda, espuma e barro
Tudo junto, num enorme jarro
Despeja a vida na humanidade
E deixa florescer entre egoísmo e caridade
Um pouco de amor e verdade.
A cada gota nasce uma nova
E de cada nova uma outra.
Assim forma-se um dilúvio
E isso só se passa na cabeça de mais um
Que não é qualquer um.
Mas alguém, no mundo considerado ninguém.
E de ninguéns forma-se uma sociedade
Enorme e lavada
De jarro e de barro
De vida e de sol
De pinho e etanol
Purifica-se ninguém
Enquanto nascem alguéns.

2 comentários:

  1. Legal, tem umas partes meio Cecilinhas, né? hehehe. Depois vou ler de novo. beijo

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  2. cecilinha? vou dizer o q sempre digo a respeito de meus poemas, não é autobiografico, eles são baseados nas histórias que ouço do mundo, das ruas e da ficção... um pouco de mim sempre tem, mas seria mais o meu olhar sobre o todo do que versos sobre mim... Obrigada por comentar. Beijão

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